sábado, 14 de abril de 2012

TENDÊNCIAS ANTIAUTORITÁRIAS



* Maíra Saporetti
Leila Miana
Simone Silva 
Letícia Alves


De acordo com a pesquisa realizada existem três grupos de entendimento da educação na sociedade: educação como redenção, educação como reprodução e educação como transformação. Desta forma, o objeto de pesquisa aqui tratado: tendências antiautoritárias, se enquadram na ideologia de que a educação possui caráter transformador na sociedade e surgem de movimentos em oposição à escolas tradicionais. Isto ocorre porque a educação de redenção e/ou reprodução possuem eixos ideológicos opostos à libertária transformadora. As principais críticas das Pedagogias Antiautoritárias são em oposição aos seus modelos autoritários cheios de hierarquia, dogmas, regras e abuso de poder.
Assim sendo, as teorias antiautoritárias recusam o exercício de poder e voltam-se para uma educação em liberdade e para a liberdade. A educação deveria acontecer sem pressão, para que o indivíduo adquira uma maturidade sadia. A pedagogia de caráter humanitário espera que a escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos, num sentido libertário e auto- gestionário, ou seja, a função da instituição escola é de estimular a busca pelo aprendizado em seus alunos: “com base na participação dos grupos, mecanismos institucionais de mudança, através de assembleias, conselhos, eleições, reuniões e associações.” (Wikipédia)
O método de ensino utilizado pelas Pedagogias Libertárias, portanto, acontece na vivência grupal, onde alunos, professores e demais pessoas que contribuam para o processo escolar (incluindo as famílias relacionadas) convivem em equilíbrio, preservando e valorizando as diferenças e individualidades do ser. Assim, pode-se destacar que “é na forma de auto-gestão que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias de sua própria aprendizagem, sem qualquer forma de poder. Trata-se de colocar nas mãos do aluno tudo que for possível. Os alunos têm liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo.” (Wikipédia)
Dentre as tendências antiautoritárias mesmo com as especificidades de cada teoria, há um predomínio de que o aluno é o centro do ensino, sendo assim o professor não comanda o processo, mas facilita à aprendizagem do aluno, criando condições de atuação da criança. Estas linhas pedagógicas têm como intuito acabar com a hierarquia ou qualquer exercício de poder.
Os conteúdos e as matérias que podem ser transmitidas no ambiente escolar são colocadas à disposição do aluno sem que exista a obrigação de cursá-las, ou seja, as disciplinas oferecidas são um instrumento a mais no aprendizado para a vida do discente, porque o que realmente é importante para estas linhas de pedagogia é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo envolvido. Para acabar com a coerção, a imposição, a repressão e o medo, com o intuito de superar a ideia de escola como instrumento de doutrinação. Na prática educacional desta linha pedagogia, alguns cuidados são necessários:
o   Conteúdo: não pode ser onipotente, como verdade única e nem vir da exposição única do professor, mas ter alguma significância para o aluno, para que haja interesse.
o   Metodologia: não deve ser pré-estabelecida pelo professor, mas se basear na autogestão. Valorizando a aprendizagem auto iniciada e autodirigida, a direção é dada pelo grupo e os indivíduos a coordenam (autonomia pessoal e social).
o   Avaliação: ignora os instrumentos tradicionais (notas, exames, qualificações, etc.), pois fortalecem a dominação e prioriza-se a autoavaliação, que desenvolve a autocrítica e a responsabilidade. Portanto, qualquer processo burocrático é ignorado por serem vistos como instrumentos de poder.
o   Disciplina: vem da própria autonomia e não há imposição externa.

As teorias antiautoritárias foram vistas tanto em um enfoque mais sociológico quanto psicológico

A pedagogia libertária considera desde o início a ineficácia e a nocividade de todos os métodos à base de obrigações e ameaças. Nesse sentido, o professor deve se por a serviço do aluno sem impor suas concepções e ideias, sem fazer do aluno um "objeto", ele deve se misturar ao grupo para uma reflexão em comum.
Toda essa liberdade de decisão tem um sentido bem claro. Se um aluno resolve não participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo tem responsabilidade sobre esse fato e tem que colocar a questão em discussão. O critério de relevância do saber é seu possível uso prático. Por isso mesmo não faz sentido qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos não em termos de conteúdo. (Wikipédia)

As tendências pedagógicas aqui tratadas abrangem quase todas as tendências antiautoritárias em educação, dentre elas a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos e também a dos professores progressistas, são elas:
·                    Teoria anarquista ou libertária (sociológica)
Representantes: Freinet, Bakunin, Ferrer, (Brasil-Tragtenberg, José Oiticica e Silvio Gallo).
“Sem governante”. Daí o seu princípio fundamental, que elege modos alternativos de organização voluntária, cooperativa e participativa em oposição ao Estado, considerado nocivo e desnecessário. Recusa à função do Estado, considerando esta relação como uma mediação desnecessária, sobretudo porque os interesses do poder não visam à educação unitária e universal, já que está imerso na ideologia liberal e serve à elite.
Um dos principais objetivos da pedagogia libertária é preparar os indivíduos para a vivência plena da liberdade. Propunha a coeducação dos sexos e das classes baseada na autonomia, no respeito, no apoio mútuo, na cooperação, solidariedade, criatividade, na autogestão e livre de qualquer tipo de autoritarismos, preconceitos e competitividade. Assim, além de estabelecer novas formas de relações interpessoais, é também um instrumento de luta para a superação das condições de exploração que sustentam nossa sociedade. Preza a educação integral, formando o ser por inteiro, ligando a reflexão intelectual ao trabalho manual. Para essa teoria a educação mostra os limites da escola como instituição disciplinadora e burocrática e as possibilidades da autogestão pedagógica (é assumida como objetivo da ação pedagógica, educa-se para a liberdade) como iniciação à autogestão social. A burocracia escolar é poder, repressão e controle.

·                    Teoria Institucional (sociológica)
Representantes: Lobrot
Entende o conceito de instituição a partir do caráter dinâmico de qualquer agrupamento humano, destaque para o sentido de organização instituinte, capaz de revelar as contradições do processo de se fazer, vencer a inércia do instituído, a fim de criar o novo. Essa visão ultrapassa a dimensão de indivíduo, buscando uma análise “de campo” influenciado pela sociologia e defende uma crítica às instituições de ensino existentes, que podem estar cristalizadas. As clássicas tarefas do professor passam à responsabilidade do grupo, porque a noção de autogestão supõe a atividade instituinte dos alunos, isto é, não só a elaboração de programas ou a decisão de exames, mas o conjunto da vida, das atividades e da organização do trabalho desse âmbito, assim educa-se pela liberdade. Critica severamente a burocracia, típica expressão do poder, que instaura a hierarquia, “coisifica” as pessoas e cristaliza toda ação.

·                    Teoria não-diretiva (psicológica)
Representantes: Neill, Rogers
Carl R.Rogers nasceu em 8/1/1902 em Illinois, EUA e faleceu em 4/2/1987 na Califórnia-EUA. É considerado um precursor da psicologia humanista e criador da linha teórica conhecida como Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Publicou 16 livros, dentre os quais se destacam: "Tornar-se Pessoa", "Um Jeito de Ser", "Terapia Centrada no Cliente" e "Liberdade de aprender”. Consideram-se os enfoques encontrados predominantemente no sujeito. O ensino centrado no aluno, centrada no desenvolvimento da personalidade do indivíduo, em seus processos de construção e organização pessoal da realidade. A autenticidade será a principal ferramenta do educador que conduzirá o aluno à aprendizagem significativa, ensinar é mais que transmitir conhecimento – é despertar a curiosidade, é instigar o desejo de ir além do conhecido. É desafiar a pessoa a confiar em si mesmo e dar um novo passo em busca de mais. É educar para a vida e para novos relacionamentos.
O professor passa a ser considerado um facilitador da aprendizagem, não mais aquele que transmite conhecimento, e sim aquele que auxilia os educandos, a aprender a viver como indivíduos em processo de transformação. O educando é induzido a buscar o seu próprio conhecimento, consciente de sua constante transformação. Ele se autogestiona, ou seja, a aprendizagem é auto iniciada e se dá também nas ”comunidades de aprendizagem”, cuja direção é dada pelo próprio grupo. A educação se dá em liberdade. O que um facilitador ensina aos educandos é buscar o seu próprio conhecimento, para tornar-se independente e produtor de seu próprio processo cognitivo. Para ser um bom facilitador é preciso ter ou desenvolver algumas qualificações: autenticidade, o apreço, a aceitação e confiança, compreensão empática, que ocorre quando o facilitador deixa o julgamento de lado e compreende o educando, tornando a aprendizagem significativa.
João Hipólito (www.rogeriana.com) diz que para compreender a metodologia de ensino proposta por Carl Rogers é necessário levar “em consideração a sua oposição aos conceitos de determinismo, enraizando-se no ponto de vista filosófico da corrente existencialista e da sua atitude de confiança na capacidade do Humano em se tornar livre e decidir sobre o seu próprio futuro.”
Por partirem dos mesmos princípios, o grupo considerou este olhar válido também para a obra de Neill. Quando Alexander Sutherland Neill decidiu montar uma escola (www.summerhillschool.co.uk), levou em consideração que gostaria de educar em um lugar:
o   Onde as crianças seriam livres para ser elas mesmas
o   Onde o sucesso não é definido por regras acadêmicas, mas as próprias crianças definem seu sucesso
o   Onde toda a escola é gerada por regras democráticas, onde todos os problemas individuais tem espaço para serem discutidos
o   Onde você pode brincar o dia todo, se este for o seu desejo
o   E onde exista um lugar para sentar e sonhar

A. S. Neill´s Summerhill School é uma escola situada em Suffoc, na Inglaterra, fundada em 1921 com a essência de ser uma escola livre, utilizando metodologias alternativas de aprendizagem. Considerada um modelo de influência para um progresso acadêmico mais democrático ao redor do mundo.
Rogers desenvolve progressivamente e de uma forma pragmática, uma intervenção cada vez mais "não diretiva" dentro de suas pesquisas em ciências humanas, utilizando técnicas de reformulação e clarificação dos sentimentos, assentes numa atitude de maior aceitação dos sentimentos do cliente por parte do terapeuta. Em 1971:

A sua atenção dirige-se também de maneira prioritária, nesta época, para o campo da educação, propondo uma pedagogia centrada no aluno, experiencial. Esta pedagogia aparece como tendo muitos pontos comuns com a que Paulo Freire proporá como "educação não bancária", apesar de Carl Rogers ainda não ter, nesse momento, conhecimento do trabalho de Paulo Freire. A Pedagogia Experiencial é objecto de um grande número de trabalhos de pesquisa que se encontram parcialmente descritos nos dois grandes livros: "Liberdade para Aprender", publicado em 1969, e "Liberdade para Aprender nos Anos 80", publicado em 1983. O essencial da sua mensagem consiste no facto de que os alunos aprendem melhor, são mais assíduos, mais criativos e mais capazes de solucionar problemas quando os professores proporcionam o clima humano e de facilitação que Carl Rogers propõe. (www.rogeriana.com)

Tanto Rogers quanto Neill tiveram como diferencial em seu pensamento a ideia de que a criança não aprende sobre pressão ou medo, o ser humano é curioso por natureza, então para saciar esta necessidade vai em busca do conhecimento, procura respostas para suas dúvidas cotidianas, aprende através da experimentação. Estes pensadores concordam que uma educação que possa resultar em uma experimentação negativa, frustrante está fadada ao fracasso, entretanto uma educação livre demais, satisfatória por excesso também está destinada ao mesmo fim.
A escola deve servir de exemplo para as relações externas aquele ambiente, proporcionando ao ser humano um desenvolvimento integral e autoconsciente.


* Graduandas de Pedagogia/Universidade Federal de Juiz de Fora.



Referências Bibliográficas:





GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 5ªedição

ARANHA, Maria Lucia Arruda. Filosofia da Educação .3ªed.2006






terça-feira, 10 de abril de 2012

Henri Wallon

Teórico fenomenal que vê o indivíduo tanto racionalmente quanto emocionalmente. Vale a pena estudar sobre ele e perceber suas contribuições para um olhar mais realista e humano no contexto escolar.



Texto- ALMEIDA, Ana Rita Silva. Emoção: considerações sobre a teoria de Henri Wallon.



Tese principal de Henri Wallon

Para Wallon, a emoção é um instrumento de sobrevivência da espécie humana. As emoções são um conjunto das influências do meio externo e das disposições orgânicas do indivíduo (ligada ao sistema nervoso). São sistemas de atitude que correspondem cada uma a uma situação específica, que se traduzem no corpo tanto internamente (alterações viscerais ou vasculares) quanto externamente (atividades somáticas e autônomas). A criança nasce num contexto social predeterminado, inapta a agir sobre ele e a emoção possibilita interagir e se adaptar ao meio, isso mostra que ela tem necessidades e desejos. A afetividade se origina da atividade tônica postural, emoção e tônus têm uma relação, na qual o tônus serve de veículo de comunicação das emoções. Essa expressão tônica da criança é a ferramenta de sua sobrevivência, que consegue suscitar no outro, o que não consegue fazer só. A emoção precisa de espectador, essa sensibilização do outro que ela provoca é uma forma do bebê se comunicar, iniciando assim a construção do seu psiquismo.
Com essa concepção da emoção, Wallon acaba com a separação entre o biológico e o social e vê neles uma relação de reciprocidade, sempre associados e complementares ao indivíduo. É no convívio social que as emoções rudimentares vão se tornando mais socializadas, pela mediação do outro, da linguagem e da cultura. Estimulando o domínio do conhecimento, da inteligência e amadurecendo funções ainda em formação. E a emoção media essa interação através da contagiosidade, da plasticidade e da regressividade. Vê o choro e o riso como vias de expressão da emoção e percebe três emoções básicas que são: alegria, cólera e medo.Fala também que a emoção e a inteligência percorrem caminhos próprios, mas que sempre se cruzam sobrepondo-se um sobre o outro quando preciso. O ser humano necessita lidar com esses dois aspectos que são antagônicos e complementares, disso depende o desenvolvimento do sujeito. Assim o desafio do indivíduo é conseguir manter o equilíbrio entre razão e emoção. A emoção instiga a inteligência toda vez que a ameaça com sua insubordinada presença na atividade do conhecimento. A inteligência, por sua vez, necessita das tormentas da emoção para ser estimulada a se desenvolver. O extremismo de qualquer um dos dois pode provocar uma distorção na personalidade humana.

Resumo feito por Maíra Saporetti.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A valorização da cultura brasileira na educação infantil

 

 

                                                                                              Maíra Saporetti Cavalho          
     

A infância é uma fase da vida em que mente e corpo estão abertos a todo tipo de aprendizado, a criança é mais sensível as sensações e emoções. Nesse aprendizado a arte como atividade atravessada de um fazer pedagógico, possibilita um trabalho significativo de valorização da cultura popular brasileira por meio de ações voltadas para a criança, nas quais as brincadeiras de roda e de dança, com contação de histórias tradicionais e confecção de instrumentos torna possível avivar nas crianças significados e possibilidades das coisas simples, “em oposição as relações que estabelecem mediadas pela lógica e pela interferência do mercado de consumo.” (PELIZZONI, 2007, p.08)
Esse mercado de consumo que implanta uma cultura universal, que é a dele, destruindo os mecanismos sociais que relacionam as experiências pessoais atuais com as gerações passadas, caindo essas tradições populares no esquecimento. Assim a escola deve reconhecer isto como algo legítimo e trabalhar ao longo de sua jornada com toda essa cultura e não somente nas datas comemorativas do calendário, mas no decorrer do tempo. Pois com a globalização se a escola não se preocupar com este patrimônio histórico, às vezes a criança não a conhecerá em outro ambiente e se sim muito superficialmente, fadando essa cultura temporalmente à desmemória, como por exemplo, os folguedos: bumba-meu-boi, congada, dança do coco, siriri, entre outras.
Esse resgate das tradições de nosso país, pode acontecer desde a educação infantil baseado na compreensão e no respeito do ser criança, um meio para isso é nas brincadeiras de roda com as cantigas populares, contos tradicionais e danças típicas, aonde dentro de tudo isso se diz muito sobre a vida daquele povo, seu tempo, suas histórias e seus costumes. Nessas brincadeiras a criança vivencia e experiencia aquela cultura de uma forma lúdica e prazerosa.
Assim cabe a professor e a o conjunto escolar mediar esse conhecimento a criança, a fim da criança ir aos poucos se apropriando dessa cultura que é intrínseca a história brasileira como um todo, trazendo para si como parte inerente dela .
Portanto, o professor tem a oportunidade de ressignificar o seu trabalho com as rodas e danças a fim de proporcionar a criança experiências de seus antepassados, para que possamos conservar este bem imaterial tão bonito e precioso, que é a identidade de nosso povo.

Referência Biliográfica:

PELIZZONI, Marques Gisela.Jogando as cinco pedrinhas:história,memória,cultura popular,infância e escola. 2007.Dissertação de Mestrado/UFJF