O
autor traz neste artigo um tema que desafia a cultura educacional estabelecida,
faz uma crítica ao ensino tradicional que fornece a informação unidirecionalmente
baseado na relação professor (emissor) / aluno (receptor). Tanto na sala de
aula quanto online, “o docente ainda
trata os aprendizes como recipientes de informação e não como agentes de
colaboração, de compartilhamento e de cocriação.” (p.1).
Mostra
que a precariedade da educação na escola e na universidade não são resolvidas
com a utilização de computadores conectados ao ciberespaço, mas necessitam de
uma pedagogia baseada na troca dialética, construindo o conhecimento de forma
cooperativa.
Para
o autor essa pedagogia deve valorizar as interações e a interatividade (termo
que foi banalizado pelo comércio, como “argumento de venda”), a aprendizagem
seria um processo de construção do aluno, que organizaria os saberes devido a
essas interações com outros. Segundo Silva, mesmo o educador que apoia o
construtivismo, continua com essa pedagogia que só transmite, não desenvolveu
uma “atitude comunicacional que favoreça e promova as interações e a
aprendizagem” (p.4).
Apresenta
definições de cibercultura e ciberespaço, cibercultura seria a forma
sócio-cultural que acontece na associação entre sociedade, cultura e as novas
tecnologias eletrônicas. E ciberespaço é o hipertexto, onde todos podem
adicionar, modificar, retirar partes dessa estrutura, sendo um texto vivo.
Para
Silva, o docente deve possibilitar ao discente interagir e não meramente
assistir, possibilitando uma mudança de paradigma através da “imersão e participação-intervenção
do indivíduo”.
Põe
em evidência a interatividade, exemplificando com a arte do “parangolé”, do
artista plástico Hélio Oiticica, que é uma manifestação dos fundamentos da
interatividade. Nessa arte há um rompimento com a transmissão e o público tem
participação ativa. Silva compara essa arte à atitude do professor, que deve disponibilizar
um campo de possibilidades que possam ser acionadas pelos alunos. Então a
interação propõe o conhecimento, não o transmite.
Mostra
que para se efetivar essa interação, os professores precisam modificar seus
métodos pedagógicos e atentar para “a postura comunicacional que propicia
oportunidades de múltiplas experimentações e expressões, que disponibiliza uma
montagem de conexões em rede que permite múltiplas ocorrências, que provoca
situações de inquietação criadora, que arquiteta colaborativamente percursos
hipertextuais e mobiliza a experiência do conhecimento.” (p.9).
Para
o autor, o professor agindo assim pode suscitar uma mudança de qualidade e
pragmática da aprendizagem no seu professorado, reinventando a sala de aula.
Tudo isso, é indispensável para que educadores e educandos façam da cibercultura
um auxílio para suas práticas, ocasionando uma redefinição do currículo e uma
educação cidadã.
O
autor explicitou bem o anseio por uma mudança nesse paradigma da transmissão,
não dá para continuar como está, as tecnologias estão ao nosso redor
possibilitando várias formas de relações dinâmicas e interativas. Não dá para o
sistema educacional ficar parado no tempo, numa época aonde precisava se
guardar tudo na memória para não se perder. Hoje se encontra uma informação
desejada a qualquer hora e em qualquer lugar. Assim como nos mostra o artigo é
preciso uma reconstrução de paradigmas e posturas diante da interatividade.
Pois as tecnologias estão aí e o professor precisa refletir e repensar sua
prática visando ajudar o aluno na construção do conhecimento, o guiando para
saber analisar e refletir criticamente sobre o mundo. Mudando então o paradigma
da transmissão, podendo assim incluir a cibercultura em sua prática. É algo
desafiador, pois se abre um leque de possibilidades para intervenção do
usuário, portanto o sistema educacional, precisa acordar para essa realidade
que está ao nosso redor.
Referência
Bibliográfica:
SILVA,
Marco. Educação presencial e Online: Sugestões de Interatividade na
Cibercultura. In:TRIVINHO, Eugênio.CAZELOTO, Edilson. A Cibercultura e seu espelho. Campo de conhecimento emergente e nova
vivência humana na era da imersão interativa. São Paulo: ABCiber; Instituto
Itaú Cultural, 2009.
Resenha feita por Maíra Saporetti