O
corpo apresenta uma linguagem, porque através dele, nas mais diversas
manifestações, expressamos significados. O corpo fala manifestando emoções,
ideias e sentimentos. As nossas emoções determinam campos de ação e formas de
comunicação. O corpo pode ser uma expressão de afeto. Pois o corpo adulto e o
corpo da criança afetam um ao outro. Sendo assim o corpo e o movimento
proporcionam ao indivíduo se expressar, interagir e assim produzir
conhecimento.
Ao
nascer, a criança revela extrema dependência física. A partir das interações
que vai estabelecendo com os espaços, objetos e sujeitos da cultura, articuladas
à evolução de suas estruturas biológicas, progressivamente ela começa a
construir sua autonomia e a capacidade de compartilhar significados com o mundo
social e natural através dessa linguagem.
A
escola sendo o lugar e tempo de compartilhar experiências e produzir da
cultura. Ela tem o dever de garantir a criança a apropriação dos conhecimentos
e saberes de sua cultura produzidos historicamente, possibilitando-a sua
compreensão e produção. Evidencia-se a importância do trabalho das instituições
de educação infantil, no sentido de favorecer às crianças a construção de sua
corporeidade. A Educação Infantil deve
ser pensada como uma Política de Direitos capaz de problematizar as condições
de inserção cultural e apontar perspectivas de ampliação das experiências
culturais das crianças. Deve estar relacionada à pluralidade de conhecimentos
culturais, entendidos como patrimônio humano e coletivo, em que se revela uma
riqueza de experiências e saberes, como tempo e espaço de circulação de
cultura. É preciso compreender a música, a dança e o teatro como linguagens com
processos de significação e compartilhamento de experiências culturais e
sociais. Ao reconhecê-las como construções sociais, devem ser incluídas de modo
intencional no cotidiano da escola. Como práticas culturais envolvem relações
de gênero, raciais, etárias, diferenças corporais, nossa sexualidade, nossos
preconceitos, nossas dificuldades, etc. Tudo isso atravessa o campo educativo e
reclama envolvimento e intervenções lúdicas e intencionais que anunciem novas
maneiras de agir, de cuidar do outro e de experimentar o mundo.
O
corpo e o movimento, quando entram na escola, na maioria das vezes, tende a ser
tratado como algo secundário, menos importante e, no máximo, como suporte para
aprendizagens consideradas mais importantes. Ao incluir a reflexão sobre o
corpo e movimento na educação das crianças de 0 a 6 anos, propõe-se uma
experiência humana mais sensível e afetiva, aproximando-nos da infância como
tempo de descobertas, de invenção, de conhecimentos, de vivências das várias
formas de expressão e de linguagem contidas no “movimentar-se humano”.
O
trabalho pedagógico deve centrar-se nas relações sociais entre criança-criança,
criança-professor e criança- conhecimentos- professor. Sendo o corpo e o
movimento formas de contato e expressão, chamando a atenção para o universo
sensorial, afetivo, cognitivo, imaginário e expressivo.
Essas
linguagens precisam ser apropriadas pela escola em sua potencialidade para
expressão do corpo, dos movimentos e dos gestos das crianças e dos (as)
professores (as). E não somente como apresentação para os pais, ou forma de
adquirir determinados comportamentos por parte das crianças. Podem ser
utilizadas sendo mais do que mera apresentação, ampliando experiências das
crianças e contribuindo para o processo de organização e síntese do
conhecimento, proporcionar as crianças a
participação na produção, para que possam viver e expressar suas ações
participando de todo o processo. As crianças aprendem quando indagam e
expressam sua curiosidade. Só assim se reconhecerão nos processos de construção
do conhecimento e passarão a compreender a dança, a música, o movimento e o
teatro como conhecimentos.
Assim,
na busca de organizar propostas e de assumir posturas coerentes, é necessário
que o professor:
·
Crie
situações significativas que estimulem o desenvolvimento e o domínio
progressivos das possibilidades motoras das crianças, favorecendo deslocamentos
mais ágeis, seguros e ações mais precisas no seu espaço físico e cultural;
·
Favoreça
a autonomia das crianças em relação ao auto-cuidado;
·
Manifeste
corporalmente sua afetividade em relação às crianças nas diferentes situações.
·
Estimule
as possibilidades de as crianças conhecerem seu próprio corpo e o dos colegas,
bem como de expressarem corporalmente os sentimentos, as sensações, suas formas
de perceber tudo que as rodeiam;
·
Favoreça
o acesso ao repertório cultural que envolve as manifestações corporais (jogos,
brincadeiras, teatro, esportes, dança, mímica);
·
Possibilite
o desenvolvimento de gestos e ritmos criativos e estéticos.