segunda-feira, 1 de julho de 2013

A linguagem corporal/movimento na escola




O corpo apresenta uma linguagem, porque através dele, nas mais diversas manifestações, expressamos significados. O corpo fala manifestando emoções, ideias e sentimentos. As nossas emoções determinam campos de ação e formas de comunicação. O corpo pode ser uma expressão de afeto. Pois o corpo adulto e o corpo da criança afetam um ao outro. Sendo assim o corpo e o movimento proporcionam ao indivíduo se expressar, interagir e assim produzir conhecimento.
Ao nascer, a criança revela extrema dependência física. A partir das interações que vai estabelecendo com os espaços, objetos e sujeitos da cultura, articuladas à evolução de suas estruturas biológicas, progressivamente ela começa a construir sua autonomia e a capacidade de compartilhar significados com o mundo social e natural através dessa linguagem.
A escola sendo o lugar e tempo de compartilhar experiências e produzir da cultura. Ela tem o dever de garantir a criança a apropriação dos conhecimentos e saberes de sua cultura produzidos historicamente, possibilitando-a sua compreensão e produção. Evidencia-se a importância do trabalho das instituições de educação infantil, no sentido de favorecer às crianças a construção de sua corporeidade.  A Educação Infantil deve ser pensada como uma Política de Direitos capaz de problematizar as condições de inserção cultural e apontar perspectivas de ampliação das experiências culturais das crianças. Deve estar relacionada à pluralidade de conhecimentos culturais, entendidos como patrimônio humano e coletivo, em que se revela uma riqueza de experiências e saberes, como tempo e espaço de circulação de cultura. É preciso compreender a música, a dança e o teatro como linguagens com processos de significação e compartilhamento de experiências culturais e sociais. Ao reconhecê-las como construções sociais, devem ser incluídas de modo intencional no cotidiano da escola. Como práticas culturais envolvem relações de gênero, raciais, etárias, diferenças corporais, nossa sexualidade, nossos preconceitos, nossas dificuldades, etc. Tudo isso atravessa o campo educativo e reclama envolvimento e intervenções lúdicas e intencionais que anunciem novas maneiras de agir, de cuidar do outro e de experimentar o mundo.
O corpo e o movimento, quando entram na escola, na maioria das vezes, tende a ser tratado como algo secundário, menos importante e, no máximo, como suporte para aprendizagens consideradas mais importantes. Ao incluir a reflexão sobre o corpo e movimento na educação das crianças de 0 a 6 anos, propõe-se uma experiência humana mais sensível e afetiva, aproximando-nos da infância como tempo de descobertas, de invenção, de conhecimentos, de vivências das várias formas de expressão e de linguagem contidas no “movimentar-se humano”.
O trabalho pedagógico deve centrar-se nas relações sociais entre criança-criança, criança-professor e criança- conhecimentos- professor. Sendo o corpo e o movimento formas de contato e expressão, chamando a atenção para o universo sensorial, afetivo, cognitivo, imaginário e expressivo.
Essas linguagens precisam ser apropriadas pela escola em sua potencialidade para expressão do corpo, dos movimentos e dos gestos das crianças e dos (as) professores (as). E não somente como apresentação para os pais, ou forma de adquirir determinados comportamentos por parte das crianças. Podem ser utilizadas sendo mais do que mera apresentação, ampliando experiências das crianças e contribuindo para o processo de organização e síntese do conhecimento,  proporcionar as crianças a participação na produção, para que possam viver e expressar suas ações participando de todo o processo. As crianças aprendem quando indagam e expressam sua curiosidade. Só assim se reconhecerão nos processos de construção do conhecimento e passarão a compreender a dança, a música, o movimento e o teatro como conhecimentos.
Assim, na busca de organizar propostas e de assumir posturas coerentes, é necessário que o professor:
·         Crie situações significativas que estimulem o desenvolvimento e o domínio progressivos das possibilidades motoras das crianças, favorecendo deslocamentos mais ágeis, seguros e ações mais precisas no seu espaço físico e cultural;
·         Favoreça a autonomia das crianças em relação ao auto-cuidado;
·         Manifeste corporalmente sua afetividade em relação às crianças nas diferentes situações.
·         Estimule as possibilidades de as crianças conhecerem seu próprio corpo e o dos colegas, bem como de expressarem corporalmente os sentimentos, as sensações, suas formas de perceber tudo que as rodeiam;
·         Favoreça o acesso ao repertório cultural que envolve as manifestações corporais (jogos, brincadeiras, teatro, esportes, dança, mímica);
·         Possibilite o desenvolvimento de gestos e ritmos criativos e estéticos.

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