terça-feira, 24 de abril de 2012
sábado, 14 de abril de 2012
TENDÊNCIAS ANTIAUTORITÁRIAS
* Maíra Saporetti
Leila Miana
Simone Silva
Letícia Alves
De acordo com a pesquisa
realizada existem três grupos de entendimento da educação na sociedade:
educação como redenção, educação como reprodução e educação como transformação.
Desta forma, o objeto de pesquisa aqui tratado: tendências antiautoritárias, se
enquadram na ideologia de que a educação possui caráter transformador na
sociedade e surgem de movimentos em oposição à escolas tradicionais. Isto
ocorre porque a educação de redenção e/ou reprodução possuem eixos ideológicos opostos
à libertária transformadora. As principais críticas das Pedagogias Antiautoritárias
são em oposição aos seus modelos autoritários cheios de hierarquia, dogmas,
regras e abuso de poder.
Assim sendo, as teorias antiautoritárias
recusam o exercício de poder e voltam-se para uma educação em liberdade e para
a liberdade. A educação deveria acontecer sem pressão, para que o indivíduo
adquira uma maturidade sadia. A pedagogia de caráter humanitário espera que a
escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos, num sentido
libertário e auto- gestionário, ou seja, a função da instituição escola é de
estimular a busca pelo aprendizado em seus alunos: “com base na participação
dos grupos, mecanismos institucionais de mudança, através de assembleias,
conselhos, eleições, reuniões e associações.” (Wikipédia)
O método de ensino utilizado
pelas Pedagogias Libertárias, portanto, acontece na vivência grupal, onde
alunos, professores e demais pessoas que contribuam para o processo escolar
(incluindo as famílias relacionadas) convivem em equilíbrio, preservando e
valorizando as diferenças e individualidades do ser. Assim, pode-se destacar
que “é na forma de auto-gestão que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias
de sua própria aprendizagem, sem qualquer forma de poder. Trata-se de colocar
nas mãos do aluno tudo que for possível. Os alunos têm liberdade de trabalhar
ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou
das do grupo.” (Wikipédia)
Dentre as tendências
antiautoritárias mesmo com as especificidades de cada teoria, há um predomínio
de que o aluno é o centro do ensino, sendo assim o professor não comanda o
processo, mas facilita à aprendizagem do aluno, criando condições de atuação da
criança. Estas linhas pedagógicas têm como intuito acabar com a hierarquia ou
qualquer exercício de poder.
Os conteúdos e as matérias que
podem ser transmitidas no ambiente escolar são colocadas à disposição do aluno
sem que exista a obrigação de cursá-las, ou seja, as disciplinas oferecidas são
um instrumento a mais no aprendizado para a vida do discente, porque o que
realmente é importante para estas linhas de pedagogia é o conhecimento que
resulta das experiências vividas pelo grupo envolvido. Para acabar com a
coerção, a imposição, a repressão e o medo, com o intuito de superar a ideia de
escola como instrumento de doutrinação. Na prática educacional desta linha
pedagogia, alguns cuidados são necessários:
o
Conteúdo: não
pode ser onipotente, como verdade única e nem vir da exposição única do
professor, mas ter alguma significância para o aluno, para que haja interesse.
o
Metodologia: não
deve ser pré-estabelecida pelo professor, mas se basear na autogestão.
Valorizando a aprendizagem auto iniciada e autodirigida, a direção é dada pelo
grupo e os indivíduos a coordenam (autonomia pessoal e social).
o
Avaliação:
ignora os instrumentos tradicionais (notas, exames, qualificações, etc.), pois
fortalecem a dominação e prioriza-se a autoavaliação, que desenvolve a
autocrítica e a responsabilidade. Portanto, qualquer processo burocrático é
ignorado por serem vistos como instrumentos de poder.
o
Disciplina: vem
da própria autonomia e não há imposição externa.
As teorias antiautoritárias
foram vistas tanto em um enfoque mais sociológico quanto psicológico
A
pedagogia libertária considera desde o início a ineficácia e a nocividade de
todos os métodos à base de obrigações e ameaças. Nesse sentido, o professor
deve se por a serviço do aluno sem impor suas concepções e ideias, sem fazer do
aluno um "objeto", ele deve se misturar ao grupo para uma reflexão em
comum.
Toda
essa liberdade de decisão tem um sentido bem claro. Se um aluno resolve não
participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo tem
responsabilidade sobre esse fato e tem que colocar a questão em discussão. O
critério de relevância do saber é seu possível uso prático. Por isso mesmo não
faz sentido qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos não em
termos de conteúdo. (Wikipédia)
As tendências pedagógicas
aqui tratadas abrangem quase todas as tendências antiautoritárias em educação,
dentre elas a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos e também a dos
professores progressistas, são elas:
·
Teoria anarquista ou libertária (sociológica)
Representantes:
Freinet, Bakunin, Ferrer, (Brasil-Tragtenberg, José Oiticica e Silvio Gallo).
“Sem governante”. Daí o seu
princípio fundamental, que elege modos alternativos de organização voluntária, cooperativa
e participativa em oposição ao Estado, considerado nocivo e desnecessário.
Recusa à função do Estado, considerando esta relação como uma mediação desnecessária,
sobretudo porque os interesses do poder não visam à educação unitária e
universal, já que está imerso na ideologia liberal e serve à elite.
Um dos principais objetivos
da pedagogia libertária é preparar os indivíduos para a vivência plena da liberdade.
Propunha a coeducação dos sexos e das classes baseada na autonomia, no
respeito, no apoio mútuo, na cooperação, solidariedade, criatividade, na
autogestão e livre de qualquer tipo de autoritarismos, preconceitos e
competitividade. Assim, além de estabelecer novas formas de relações
interpessoais, é também um instrumento de luta para a superação das condições
de exploração que sustentam nossa sociedade. Preza a educação integral,
formando o ser por inteiro, ligando a reflexão intelectual ao trabalho manual. Para
essa teoria a educação mostra os limites da escola como instituição
disciplinadora e burocrática e as possibilidades da autogestão pedagógica (é
assumida como objetivo da ação pedagógica, educa-se para a liberdade) como
iniciação à autogestão social. A burocracia escolar é poder, repressão e
controle.
·
Teoria Institucional
(sociológica)
Representantes:
Lobrot
Entende o conceito de instituição
a partir do caráter dinâmico de qualquer agrupamento humano, destaque para o
sentido de organização instituinte, capaz de revelar as contradições do
processo de se fazer, vencer a inércia do instituído, a fim de criar o novo.
Essa visão ultrapassa a dimensão de indivíduo, buscando uma análise “de campo”
influenciado pela sociologia e defende uma crítica às instituições de ensino
existentes, que podem estar cristalizadas. As clássicas tarefas do professor
passam à responsabilidade do grupo, porque a noção de autogestão supõe a
atividade instituinte dos alunos, isto é, não só a elaboração de programas ou a
decisão de exames, mas o conjunto da vida, das atividades e da organização do
trabalho desse âmbito, assim educa-se pela liberdade. Critica severamente a
burocracia, típica expressão do poder, que instaura a hierarquia, “coisifica”
as pessoas e cristaliza toda ação.
·
Teoria não-diretiva
(psicológica)
Representantes:
Neill, Rogers
Carl R.Rogers nasceu em
8/1/1902 em Illinois, EUA e faleceu em 4/2/1987 na Califórnia-EUA. É
considerado um precursor da psicologia humanista e criador da linha teórica
conhecida como Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Publicou
16 livros, dentre os quais se destacam: "Tornar-se Pessoa", "Um
Jeito de Ser", "Terapia Centrada no Cliente" e "Liberdade
de aprender”. Consideram-se os enfoques encontrados predominantemente no
sujeito. O ensino centrado no aluno, centrada no desenvolvimento da
personalidade do indivíduo, em seus processos de construção e organização
pessoal da realidade. A autenticidade será a principal ferramenta do educador
que conduzirá o aluno à aprendizagem significativa, ensinar é mais que
transmitir conhecimento – é despertar a curiosidade, é instigar o desejo de ir
além do conhecido. É desafiar a pessoa a confiar em si mesmo e dar um novo
passo em busca de mais. É educar para a vida e para novos relacionamentos.
O professor passa a ser
considerado um facilitador da aprendizagem, não mais aquele que transmite
conhecimento, e sim aquele que auxilia os educandos, a aprender a viver como
indivíduos em processo de transformação. O educando é induzido a buscar o seu
próprio conhecimento, consciente de sua constante transformação. Ele se
autogestiona, ou seja, a aprendizagem é auto iniciada e se dá também nas
”comunidades de aprendizagem”, cuja direção é dada pelo próprio grupo. A
educação se dá em liberdade. O que um facilitador ensina aos educandos é buscar
o seu próprio conhecimento, para tornar-se independente e produtor de seu
próprio processo cognitivo. Para ser um bom facilitador é preciso ter ou
desenvolver algumas qualificações: autenticidade, o apreço, a aceitação e
confiança, compreensão empática, que ocorre quando o facilitador deixa o
julgamento de lado e compreende o educando, tornando a aprendizagem
significativa.
João Hipólito (www.rogeriana.com)
diz que para compreender a metodologia de ensino proposta por Carl Rogers é
necessário levar “em consideração a sua oposição aos conceitos de determinismo,
enraizando-se no ponto de vista filosófico da corrente existencialista e da sua
atitude de confiança na capacidade do Humano em se tornar livre e decidir sobre
o seu próprio futuro.”
Por partirem dos mesmos
princípios, o grupo considerou este olhar válido também para a obra de Neill. Quando
Alexander Sutherland Neill decidiu montar uma escola (www.summerhillschool.co.uk),
levou em consideração que gostaria de educar em um lugar:
o
Onde as crianças seriam livres para ser elas
mesmas
o
Onde o sucesso não é definido por regras
acadêmicas, mas as próprias crianças definem seu sucesso
o
Onde toda a escola é gerada por regras
democráticas, onde todos os problemas individuais tem espaço para serem discutidos
o
Onde você pode brincar o dia todo, se este
for o seu desejo
o
E onde exista um lugar para sentar e sonhar
A. S. Neill´s Summerhill
School é uma escola situada em Suffoc, na Inglaterra, fundada em 1921 com a
essência de ser uma escola livre, utilizando metodologias alternativas de
aprendizagem. Considerada um modelo de influência para um progresso acadêmico
mais democrático ao redor do mundo.
Rogers desenvolve
progressivamente e de uma forma pragmática, uma intervenção cada vez mais
"não diretiva" dentro de suas pesquisas em ciências humanas,
utilizando técnicas de reformulação e clarificação dos sentimentos, assentes
numa atitude de maior aceitação dos sentimentos do cliente por parte do
terapeuta. Em 1971:
A sua atenção dirige-se também de maneira prioritária, nesta
época, para o campo da educação, propondo uma pedagogia centrada no aluno,
experiencial. Esta pedagogia aparece como tendo muitos pontos comuns com a que
Paulo Freire proporá como "educação não bancária", apesar de Carl
Rogers ainda não ter, nesse momento, conhecimento do trabalho de Paulo Freire.
A Pedagogia Experiencial é objecto de um grande número de trabalhos de pesquisa
que se encontram parcialmente descritos nos dois grandes livros: "Liberdade
para Aprender", publicado em 1969, e "Liberdade para Aprender nos
Anos 80", publicado em 1983. O essencial da sua mensagem consiste no facto
de que os alunos aprendem melhor, são mais assíduos, mais criativos e mais
capazes de solucionar problemas quando os professores proporcionam o clima
humano e de facilitação que Carl Rogers propõe. (www.rogeriana.com)
Tanto Rogers quanto Neill
tiveram como diferencial em seu pensamento a ideia de que a criança não aprende
sobre pressão ou medo, o ser humano é curioso por natureza, então para saciar
esta necessidade vai em busca do conhecimento, procura respostas para suas
dúvidas cotidianas, aprende através da experimentação. Estes pensadores concordam
que uma educação que possa resultar em uma experimentação negativa, frustrante
está fadada ao fracasso, entretanto uma educação livre demais, satisfatória por
excesso também está destinada ao mesmo fim.
A escola deve servir de exemplo
para as relações externas aquele ambiente, proporcionando ao ser humano um
desenvolvimento integral e autoconsciente.
* Graduandas de Pedagogia/Universidade Federal de Juiz de Fora.
Referências Bibliográficas:
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas.
5ªedição
ARANHA, Maria Lucia Arruda. Filosofia da Educação .3ªed.2006
terça-feira, 10 de abril de 2012
Henri Wallon
Teórico fenomenal que vê o indivíduo tanto racionalmente quanto emocionalmente. Vale a pena estudar sobre ele e perceber suas contribuições para um olhar mais realista e humano no contexto escolar.
Texto- ALMEIDA, Ana
Rita Silva. Emoção: considerações sobre a teoria de Henri Wallon.
Tese principal de Henri Wallon
Para
Wallon, a emoção é um instrumento de sobrevivência da espécie humana. As
emoções são um conjunto das influências do meio externo e das disposições
orgânicas do indivíduo (ligada ao sistema nervoso). São sistemas de atitude que
correspondem cada uma a uma situação específica, que se traduzem no corpo tanto
internamente (alterações viscerais ou vasculares) quanto externamente
(atividades somáticas e autônomas). A criança nasce num contexto social
predeterminado, inapta a agir sobre ele e a emoção possibilita interagir e se
adaptar ao meio, isso mostra que ela tem necessidades e desejos. A afetividade
se origina da atividade tônica postural, emoção e tônus têm uma relação, na
qual o tônus serve de veículo de comunicação das emoções. Essa expressão tônica
da criança é a ferramenta de sua sobrevivência, que consegue suscitar no outro,
o que não consegue fazer só. A emoção precisa de espectador, essa sensibilização
do outro que ela provoca é uma forma do bebê se comunicar, iniciando assim a
construção do seu psiquismo.
Com
essa concepção da emoção, Wallon acaba com a separação entre o biológico e o
social e vê neles uma relação de reciprocidade, sempre associados e
complementares ao indivíduo. É no convívio social que as emoções rudimentares
vão se tornando mais socializadas, pela mediação do outro, da linguagem e da
cultura. Estimulando o domínio do conhecimento, da inteligência e amadurecendo
funções ainda em formação. E a emoção media essa interação através da
contagiosidade, da plasticidade e da regressividade. Vê o choro e o riso como
vias de expressão da emoção e percebe três emoções básicas que são: alegria,
cólera e medo.Fala também que a emoção e a inteligência percorrem caminhos
próprios, mas que sempre se cruzam sobrepondo-se um sobre o outro quando
preciso. O ser humano necessita lidar com esses dois aspectos que são
antagônicos e complementares, disso depende o desenvolvimento do sujeito. Assim
o desafio do indivíduo é conseguir manter o equilíbrio entre razão e emoção. A
emoção instiga a inteligência toda vez que a ameaça com sua insubordinada
presença na atividade do conhecimento. A inteligência, por sua vez, necessita
das tormentas da emoção para ser estimulada a se desenvolver. O extremismo de
qualquer um dos dois pode provocar uma distorção na personalidade humana.
Resumo feito por Maíra Saporetti.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
A valorização da cultura brasileira na educação infantil
Maíra Saporetti Cavalho
A
infância é uma fase da vida em que mente e corpo estão abertos a todo
tipo de aprendizado, a criança é mais sensível as sensações e emoções.
Nesse aprendizado a arte como atividade atravessada de um fazer
pedagógico, possibilita um trabalho significativo de valorização da
cultura popular brasileira por meio de ações voltadas para a criança,
nas quais as brincadeiras de roda e de dança, com contação de histórias
tradicionais e confecção de instrumentos torna possível avivar nas
crianças significados e possibilidades das coisas simples, “em oposição
as relações que estabelecem mediadas pela lógica e pela interferência do
mercado de consumo.” (PELIZZONI, 2007, p.08)
Esse
mercado de consumo que implanta uma cultura universal, que é a dele,
destruindo os mecanismos sociais que relacionam as experiências pessoais
atuais com as gerações passadas, caindo essas tradições populares no
esquecimento. Assim a escola deve reconhecer isto como algo legítimo e
trabalhar ao longo de sua jornada com toda essa cultura e não somente
nas datas comemorativas do calendário, mas no decorrer do tempo. Pois
com a globalização se a escola não se preocupar com este patrimônio
histórico, às vezes a criança não a conhecerá em outro ambiente e se sim
muito superficialmente, fadando essa cultura temporalmente à
desmemória, como por exemplo, os folguedos: bumba-meu-boi, congada, dança do coco, siriri, entre outras.
Esse
resgate das tradições de nosso país, pode acontecer desde a educação
infantil baseado na compreensão e no respeito do ser criança, um meio
para isso é nas brincadeiras de roda com as cantigas populares, contos
tradicionais e danças típicas, aonde dentro de tudo isso se diz muito
sobre a vida daquele povo, seu tempo, suas histórias e seus costumes.
Nessas brincadeiras a criança vivencia e experiencia aquela cultura de
uma forma lúdica e prazerosa.
Assim
cabe a professor e a o conjunto escolar mediar esse conhecimento a
criança, a fim da criança ir aos poucos se apropriando dessa cultura que
é intrínseca a história brasileira como um todo, trazendo para si como
parte inerente dela .
Portanto,
o professor tem a oportunidade de ressignificar o seu trabalho com as
rodas e danças a fim de proporcionar a criança experiências de seus
antepassados, para que possamos conservar este bem imaterial tão bonito e
precioso, que é a identidade de nosso povo.
Referência Biliográfica:
PELIZZONI, Marques Gisela.Jogando as cinco pedrinhas:história,memória,cultura popular,infância e escola. 2007.Dissertação de Mestrado/UFJF
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