Jorge Schemes
Há outro fator que é impressionante na realidade quântica. Ficou comprovado pela ciência moderna que um elétron pode influenciar outro elétron quando sofre alguma interferência por meio da observação. E o mais fantástico é que isso pode ocorrer à distância. Os cientistas, por meio de tecnologias em laboratórios são capazes de estimular a "comunicação" e a interação dos átomos entre si. É possível fazer com que os átomos se comportem de forma interligada, por exemplo, ao mexer em um átomo o outro também se mexe. O mais surpreendente disso é o fato de que para ocorrer esse processo de interdependência a distância é irrelevante, ou seja, a interdependência independe da distância entre as partículas. É como se o espaço não existisse, pois se o cientista mexer com um átomo no Brasil pode fazer com que outro se movimente na China, ou mais distante ainda, em Saturno. Na década de trinta, Albert Einstein batizou esse fenômeno de "ação fantasmagórica a distância". Atualmente esse princípio quântico é conhecido como "entrelaçamento de partículas".
Ao pensar na educação dentro destes conceitos quânticos, podemos fazer um paralelo e ao mesmo tempo uma aplicação destes princípios. Se, por meio da observação instrumental, o ser humano é capaz de influenciar a realidade do microcosmo das partículas subatômicas, também seria possível alterar nossa realidade por meio do pensamento positivo. Considerando que nosso corpo é composto de átomos, bem como toda realidade que nos cerca, e que o pensamento também é uma onda de energia.
Diante desta premissa faz-se necessário que os educadores tenham uma atitude positiva e aprendam a desenvolver o pensamento positivo sobre si mesmos e o seu ofício. Se acreditamos que nossa mente é capaz de alterar nossa realidade, se acreditamos que a nossa realidade é o resultado de nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações, então não podemos continuar pensando coisas mesquinhas sobre o que somos e fazemos. Precisamos eliminar os sentimentos negativos que são alimentados por meio de nossos pensamentos e palavras, ou seja, coisas como baixa auto-estima, derrota, desânimo, ódio, inveja ou qualquer outro sentimento negativo precisam dar lugar a pensamentos e palavras de otimismo. Se desejamos receber coisas boas de nossos alunos em sala de aula, devemos pensar e falar destas coisas com eles. Assim como o elétron é influenciado em seu rumo quando observado e sofre uma parada, também podemos mudar o rumo de nossa atividade docente quando mudamos a nossa disposição mental e passamos a pensar predominantemente de maneira positiva. Penso que muitos problemas em sala de aula são causados pelos próprios professores devido a sua disposição mental negativa em relação a si mesmos, ao que fazem e a seus alunos. É comum, na hora do intervalo das atividades docentes, professores reclamarem de seus alunos e falarem mal de sua profissão. O pensamento, as palavras e o sentimento que predomina são de desânimo, tristeza, rancor e revolta. Eles já saem da sala dos professores com "pedras nas mãos" para se defender da indisciplina e das atitudes de violência de seus alunos. E o que acontece? Justamente o que não desejam, ou o que temem. Os alunos acabam refletindo o que seus professores pensam, sentem e falam a seu respeito. Esse princípio é chamado por alguns teóricos da física quântica de "lei da atração". Ou seja, atraímos para a nossa vida aquilo que dedicamos atenção, energia e concentração. Certamente você já ouviu dizer que amor gera amor, ódio gera ódio, medo gera medo, confiança gera confiança, respeito gera respeito, etc. Desta maneira, se desejamos despertar o melhor em nossos alunos devemos pensar, falar, sentir e desejar o melhor deles. Devemos acreditar que eles têm o melhor para nos oferecer e esperar com confiança que irão corresponder aos nossos pensamentos, palavras e sentimentos.O princípio quântico de entrelaçamento de partículas revela que há uma sincronicidade no universo, ou seja, não há coincidências, pois tudo está interligado. Sendo assim, não estamos separados do todo, mas somos parte do universo.
Diante disto, o dualismo psicofísico de R. Descartes cai por terra, ou seja, sua tese de que somos apenas substância extensa (corpo) e substância pensante (mente) já não é mais suficiente para entender a nossa realidade. Porém, o que norteia a concepção de realidade do mundo capitalista e neoliberal é justamente a concepção cartesiana, de que o ser humano é como uma máquina programada e fragmentada, separado do todo. A idéia cartesiana do sujeito como ser pensante promove o individualismo egoísta. A propósito, esta concepção cientificista de ser humano influenciou fortemente os modelos pedagógicos por meio da psicologia experimental de B. Skinner com sua tese do behaviorismo. Todavia, pela física quântica percebemos a realidade de modo totalmente inverso, ou seja, não somos seres fragmentados, mas estamos todos interligados pelo mesmo princípio que rege o entrelaçamento de partículas.
O que quer que o ser humano faça, não está fazendo apenas a si mesmo. Não tecemos a rede da vida, somos apenas um nó desta rede. Se de fato, estamos todos interligados no universo, precisamos rever as nossas concepções de educação, de ser humano e de sociedade. Na perspectiva do princípio quântico do entrelaçamento de partículas, como educadores não podemos pensar no conhecimento de forma fragmentada ou separado do todo. A especialização é necessária, mas nada mais é do que saber cada vez mais acerca de cada vez menos.
Há urgência em desenvolver uma concepção integral da realidade e do ser humano. O conhecimento não pode ser visto como algo linear, mas sistêmico. Em sala de aula devemos pensar, falar, sentir e agir de forma interdisciplinar e transdisciplinar. Devemos perceber o entrelaçamento de nossa prática com as demais práticas. Chegou o momento de parar de fazer educação de forma fragmentada, separada e alienada da realidade de nossos colegas de trabalho e de nossos alunos. Mas como é possível mudar nossa prática? Devemos primeiro mudar os nossos pensamentos, palavras e sentimentos. Platão já nos disse que este não é um processo fácil. Sair da caverna é sentir o desconforto de questionar as nossas certezas. Embora a física quântica nos ajude a entender a realidade sob outro prisma, o que irá determinar de fato a mudança será o pensamento positivo, o qual se manifestará em nossas palavras e sentimentos e criará, por meio da lei da atração, a realidade que desejamos.
Fonte: http://diariodeprofessor.blogspot.com/2007/08/pedagogia-quntica_02.html
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